A CEIA DO SENHOR > 13º Estudo > Categoria: Edificação

09-04-2012 00:00

 

Uma instituição de Cristo e que deve ser nossa prática cristã.

 

(...) “o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão, e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós;  fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte  do Senhor até que ele venha.” 1Co. 11.23-26. Observando a expressão fazei isto, percebemos que se trata de uma ordem de Jesus. É um imperativo, e fica ainda mais evidente ser uma  ordenança para a Igreja, quando Jesus repete a expressão todas as vezes que, mostrando que este ato deveria ser parte da nossa prática  cristã.

Um memorial
Lugar algum das Escrituras mencionam o pão e o vinho se tornando literalmente o corpo e o  sangue do Senhor na hora em que o partilhamos. Pelo contrário, Jesus deixa claro o caráter simbólico do ato ao dizer: fazei isto em memória de mim. A ceia do Senhor é um momento de recordação do que ele fez por nós ao morrer na cruz para a remissão dos nossos pecados.  Quando a celebramos, estamos anunciando a morte do Senhor Jesus até que ele volte! Os elementos são, portanto, figurativos, e não literais.

Um ritual de aliança
Os orientais davam muito valor às alianças, e as respeitavam.  Quando Jesus institui exatamente o pão e o vinho como os elementos da ceia, ele sabia exatamente o que estava fazendo. Para os judeus, o pão e vinho faziam parte de um ritual de aliança de sangue, o mais alto nível  de aliança a que alguém poderia se submeter. Ao contrair uma aliança deste nível, as duas partes estavam declarando que misturavam suas vidas e tudo o que era de um passava a ser de outro e vice-versa; por isso Jesus declarou na ceia que o cálice era a aliança NO SEU SANGUE, estabelecendo com isso, na ceia, um ritual de aliança.  No Velho Testamento vemos Abraão indo ao encontro de Melquisedeque, sacerdote do Deus altíssimo, e levando pão e vinho. O que era isto? Um ritual de aliança.

Quando ceamos, estamos reconhecendo que realmente estamos aliançados com Cristo, e que nossas vidas estão misturadas, fundidas uma na outra 1Co 6.17. Jesus deixou bem claro aos que o seguiam que não bastava apenas simpatizar-se com ele ou segui-lo pelos milagres que operava, mas que era necessária aliança, e aliança no mais elevado e sagrado nível que os judeus conheciam: a aliança de sangue.                                                                                                               

 

Muitos não compreendem isto por não conhecer os costumes da época, mas era a este tipo de aliança que Jesus se referia ao proferir estas palavras: “Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o  ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida, e meu sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue, permanece em mim e eu nele.” Jo 6.53-56.

É óbvio que Jesus não falava sobre comer a carne literalmente, mas sim sobre aliança, sobre mistura de vida; isto fica claro quando o Mestre conclui dizendo que tal pessoa permaneceria  nele e ele nesta pessoa. Este texto também não fala diretamente da ceia, mas sim da nossa aliança com Cristo; embora deixe claro qual é figura da ceia: um ritual de aliança no qual testemunhamos comunhão entre nós e o Senhor Jesus Cristo.
 

Um tempo de comunhão
No tempo apostólico as ceias eram também chamadas de ágapes ou festas de amor – Jd 12, o que reflete parte de seu propósito. As ênfases na expressão corpo que encontramos no ensino bíblico da ceia, reflete esta visão de unidade e comunhão. A mesa é um lugar de comunhão em praticamente quase todas as culturas e épocas, e a mesa do Senhor não  deixa de ter também esta característica.

Um ato de consequências espirituais
Na epístola de Paulo aos Coríntios,fica claro que a Ceia do Senhor tem consequências espirituais; ela será sempre um momento de bênção ou de maldição para os que dela participam.
                                                                                                                                                                        

Bênção:

 “Porventura o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O  pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo?” 1Co 10.16. Observe o termo cálice da bênção. Isto não é figurado, é real. A Ceia do Senhor traz bênçãos espirituais sobre aqueles que dela participam. Um outro termo empregado neste versículo, que nos revela algo importante, é comunhão; quando ceamos, estamos pela fé acionando um poderoso princípio,  temos comunhão com o sangue e com o corpo de Cristo! O que isto significa? Quando derramou seu sangue, Jesus o fez para a remissão de nossos pecados, logo, ao comungarmos o sangue, estamos provando que tipo de bênçãos? A purificação, e também a proteção, pois o diabo não pode transpor o poder do sangue para nos tocar Ex 12.23; Ap 12.12. E o que significa ter comunhão com o corpo? O corpo de Jesus foi moído porque ele tomou sobre si nossas enfermidades, e as nossas dores carregou sobre si, e pelas suas feridas fomos sarados. Is 53.4-5.

A obra redentora de Cristo nos proporciona cura física, e na Ceia do Senhor é um momento no qual podemos provar a bênção da saúde e da cura. Muitos estavam fracos e doentes na igreja de Corinto por não discernirem o corpo do Senhor na Ceia. Ao falar sobre comungarem com o corpo do Senhor, Paulo se referia não apenas ao corpo do Cristo crucificado por meio do qual somos sarados, mas também ao corpo ressurreto, no qual habita toda a plenitude da divindade e é fonte de vida aos que com ele comungam. A Ceia do Senhor deve ser um mo-mento especial de comunhão, reflexão, devoção, fé, e adoração. Tudo deve ser feito de coração e com reverência, pois é um ato de consequências espirituais.
                                                                                                                                                                         

Maldição.

A Bíblia não usa especificamente esta palavra, mas mostra que a maldição pode vir como um juízo de Deus para quem desonra a Ceia do Senhor. Depois de ter dito que ao participar da  mesa do Senhor a pessoa está anunciando a morte de Jesus até que ele venha, Paulo,  inspirado pelo Espírito Santo, traz a seguinte advertência: “Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice, pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. Eis a razão porque há entre vós  muitos fracos e doentes, e não poucos que dormem. Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.” 1Co 11.27-32. Para muitas pessoas, a Ceia é algo que as amedronta; preferem não participar dela quando não se sentem dignas, para não serem julgadas. Mas veja que a Bíblia não nos manda deixar de tomar, e sim fazer um autoexame antes, pois se houver necessidade de acerto devemos fazê-lo o mais depressa possível 1Jo 1.9. Deixar de participar da mesa do Senhor é desonrá-la também!  Devemos ansiar pelo momento em que dela partilharemos, e não evitá-la. Mas há aqueles que querem  fingir que estão bem, e participam sem escrúpulo algum do que é sagrado; para estes, não tardará o juízo. Participar da mesa do Senhor tem consequências espirituais; ou o cristão é abençoado ou é amaldiçoado. Não há meio termo; a refeição não é  apenas um simbolismo; não se participa da Ceia do Senhor como se participa de uma cerimônia qualquer, pois é um momento santificado por Deus e de implicações no reino espiritual.
 

Quem participa
A Ceia, como ritual de aliança que é, destina-se, portanto, aos que já se encontram em aliança com Cristo; ou seja, aos que já nasceram de novo e estão em plena comunhão com Deus. Há igrejas que só servem a Ceia para quem pertence ao seu rol de membros; consideramos isto um grande erro, pois a Ceia do Senhor é para quem o serve de todo coração, independente-mente de tal pessoa congregar em nossa igreja local ou não; se a pessoa faz parte do Corpo de Cristo na terra, então deve participar da mesa. Há ainda, aqueles que afirmam só poder participar da Ceia do Senhor quem já se batizou nas águas, mas não há sustentação bíblica para isto; desde o momento em que a pessoa se comprometeu com Cristo em sua decisão ela já está dentro da aliança firmada por Jesus na cruz. Entendemos que o novo convertido deva ser encaminhado para o batismo tão logo seja possível. Os critérios básicos são: estar ‘aliançado’ com Cristo, e com vida espiritual em ordem. Contudo, não devemos proibir ninguém de participar,  apenas devemos ensinar o que a Bíblia diz, para que cada pessoa julgue-se a si mesma. Nem Judas Iscariotes, em pecado e endemoninhado, foi proibido por Jesus de participar da Ceia Lc 22.3-21. A instrução bíblica é que a pessoa se examine a si mesma, e não que seja examinada pelos outros. Portanto, não examinamos ninguém, não devemos as proibir, só devemos as instruir. Se a pessoa insistir em participar de forma indigna colherá o juízo divino.

Onde acontece
Não há um lugar determinado para se realizar a Ceia, onde quer que estejam reunidos os cristãos ela poderá ser feita. No livro de Atos, lemos que o pão era partido de casa em casa At 2.46, o que nos deixa totalmente à vontade em relação ao local de celebrá-la; mas Paulo ao usar as seguintes palavras: (...) “quando vos reunis na igreja” e “se alguém tem fome coma em casa...” 1Co 11.18,34; revela que na cidade de Corinto a Ceia era praticada também num local maior de reunião para toda a igreja.

Quando acontece
Entendemos que não há uma periodicidade definida pela Bíblia quanto à celebração da Ceia; Jesus apenas disse: (...) “fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim” 1Co 11.25b. Esta expressão todas as vezes que nos dá liberdade de fazermos quando quisermos, mas sempre em memória do Senhor Jesus Cristo. Por isso que a maioria das igrejas celebra a Ceia mensalmente no templo, nas congregações e não tem periodicidade definida nas casas.

Como é celebrada
No templo ela é celebrada pelo Pastor ou Presbitério, que normalmente se serve dos diáconos para que ajudem na distribuição; já nas congregações, ela é celebrada pelos líderes e auxiliares. Nos templos, devido à quantidade de pessoas e ao tempo de reunião, o procedimento é assim. O normal é já servir o pão cortado em pequenos pedaços e o suco de uva em pequenos cálices individuais. Na igreja primitiva, quando celebrada nas casas, a Ceia do Senhor era também chamada de ágape ou festa de amor. Os irmãos se reuniam para ter comunhão ao redor da mesa, onde tomavam suas refeições juntos; e juntamente com as refeições celebravam a Santa Ceia. Nas Igrejas hoje é normal cearmos de maneira informal e festiva.